A
biomecânica está presente em todos os movimentos do ser humano: o comprimento
da passada quando se caminha, a angulação dos movimentos ao se alongar; ou
seja, vai desde o simples gesto de levar o garfo com comida à boca, na hora do
almoço, até a disputa de uma medalha olímpica no salto com vara. Com isso, a
biomecânica visa, por meio dos conceitos da física clássica, a analisar e
compreender os complexos movimentos do corpo humano.
Como
a biomecânica oferece diferentes formas de análise para diferentes objetivos (esportes,
medicina, engenharia, computação, entre outros), diferentes autores são ora divergentes,
ora complementares, ao descrever seu foco de estudo. Hay (1976), Brüggemann et al. (1991), Amadio (1989) e Amadio e
Duarte (1996) apud Amadio e Barbantti
(2000) e Okuno e Frantin (2003) indicam que a biomecânica é a ciência
responsável pelas mais diversas formas de análise do movimento humano.
Sendo
assim, Amadio e Serrão (2007) afirmam que a biomecânica é a ciência, derivada das
ciências naturais, que se ocupa das análises físicas de sistemas biológicos.
Na
biomecânica, por meio de suas diferentes metodologias de análise
(antropometria, cinemática, dinamometria, simulação computacional, modelamento
muscular e eletrofisiologia), o principal objetivo é estudar os padrões de
movimentos esportivos, procurando otimizar o processo de aprendizado e os
resultados, bem como diminuir os riscos de lesões. Em complemento, Amadio e
Serrão (2007) indicam como objetos de estudo da biomecânica o esporte de alto
nível, o esporte escolar e as atividades de recreação, de forma a atuar na
prevenção e na reabilitação orientadas à saúde e às atividades do cotidiano e
do trabalho das pessoas.
Por
meio da fundamentação teórica, do conhecimento das capacidades e das habilidades
do atleta, bem como da observação e da mensuração de diferentes variáveis
biomecânicas, profissionais conseguem diferenciar as características técnicas de
uma determinada modalidade, do estilo e da vivência motora do atleta,
realizando assim correções de possíveis erros e adaptações dessas técnicas à
realidade de seus atletas, independentemente da categoria.
Em
contrapartida, a ausência de fundamentação teórica, o desconhecimento das características
dos atletas e a falta de observação e de mensuração das variáveis biomecânicas,
podem levar o profissional a utilizar uma determinada técnica esportiva empregada
em níveis mais avançados que não é e não poderia ser a mais adequada às
vivências físicas e/ou motoras dos seus alunos ou atletas.
Cabe
aqui a seguinte pergunta: como o professor ou treinador pode melhorar sua capacidade
de escolha das atividades técnicas para seu aluno e, da mesma forma, identificar
as causas dos erros apresentados na sua prática ou vivência? Para respondê-la, é
necessário que o professor ou treinador compreenda as forças internas que, por
meio das contrações musculares, produzem o movimento, bem como as forças
externas que interferem diretamente em cada um dos movimentos executados (como
a ação da gravidade, o atrito com o solo ou mesmo a ação da resistência do ar)
para que, a partir daí, possa analisá-las e proceder às intervenções
necessárias.
Muitos
conceitos de biomecânica são utilizados em diferentes modalidades esportivas,
uma vez que os conceitos dela são oriundos das leis da física e possibilitam
sua aplicação em uma enorme gama dessas modalidades, bem como nas atividades
cotidianas dos alunos.
Assim, saber analisar com segurança o movimento humano é uma
competência fundamental para um professor de educação física ou de esporte,
para identificar vícios adquiridos no decorrer do aprendizado, desvios
posturais e falta de maturidade nos movimentos, com o objetivo principal de
corrigir esses problemas o mais brevemente possível. Esse processo é
fundamental para a melhora das habilidades e da qualidade técnica dos
movimentos e, consequentemente, para garantir o desenvolvimento humano integral
e integrado por meio do esporte.
Referências
AMADIO, A. C.;
BARBANTTI, V. J. (Orgs.). A biodinâmica do movimento humano e suas relações
interdisciplinares. São Paulo: Estação Liberdade, Escola de Educação Física
e Esporte da Universidade de São Paulo, 2000.
AMADIO, A. C.;
SERRÃO, J. C. Contextualização da biomecânica para investigações do movimento:
fundamentos, métodos, e aplicações para análise da técnica esportiva. Revista
Brasileira de Educação Física e Esportes, São Paulo, v. 21, n. 61, p.
61-85, dez. 2007.
OKUNO, O.; FRATIN, L.
Desvendando a física do corpo humano. São Paulo: Ed. Manole, 2003.
se poder botar uma falando qual a importancia da biomecanica na nossa qualidade de vida
ResponderExcluirEu verei isso pra você. Obrigado pelo comentário. Sua opinião é muito importante.
ResponderExcluir