sábado, 25 de março de 2017

Princípio da adaptação ao treinamento


Nosso organismo vive em um estado dinâmico de equilíbrio, fruto da constante interação com o meio. Sempre que um estímulo externo o afaste deste equilíbrio, os padrões de organização do sistema são mudados para se ajustar à nova realidade, em uma tendência chamada auto-organização. Esta tendência em superar desafios externos por meio de mudanças estruturais é a base do princípio da adaptação, dentro do treinamento desportivo (Gentil, 2014). 
No treinamento de força, por exemplo, a sobrecarga imposta pelos exercícios afetará o funcionamento do organismo por meio do rompimento de sarcômeros, diminuição das reservas energéticas, acúmulo de metabólitos e outras alterações fisiológicas que fazem emergir a necessidade de um novo estado de organização, que nos torne aptos a sobreviver adequadamente nas novas condições, caracterizadas pela imposição de sobrecargas constantes, como no treinamento de longo prazo. Este novo estado de equilíbrio é promovido por processos específicos, que levarão a alterações estruturais como: aumento da secção transversa das fibras, maior eficiência neural, hiperplasia, mudanças nos tipos de fibras, aumento das reservas de energia, dentre outros (Gentil, 2014).
Muito mais que um princípio, a adaptação pode ser considerada uma lei, tanto que há autores que não a colocam como um dos princípios, mas sim como uma lei que rege o treinamento, do qual se derivam os princípios propriamente ditos (Weineck, 1999; Zatsiorsky, 1999). 
É importante frisar aqui que a adaptação não é imposta pelo meio, mas sim estabelecida pelo próprio sistema (Capra, 2000), portanto os resultados do treinamento não são consequências somente dos estímulos oferecidos, mas sim da reação do organismo a estes estímulos.

Referências

CAPRA, F. O ponto de mutação: a ciência, a sociedade e a cultura emergente. Editora Cultrix, São Paulo. 2000

GENTIL, P. Bases científicas do treinamento de hipertrofia. 5ed. 2014

WEINECK, J. Treino ideal. Editora Manole, São Paulo. 1999

ZATSIORSKY, V. M. Ciência e prática do treinamento de força. Phorte Editora, São Paulo. 1999


Ciclo alanina-glicose



Os aminoácidos dentro do músculo são transformados em glutamato e, a seguir, em alanina. A alanina liberada pelos músculos ativos é transportada até o fígado, onde é desaminada (processo em que se retira da molécula o nitrogênio, restando o esqueleto de carbono). O esqueleto de carbono restante é transformado em glicose (gliconeogênese) e, posteriormente, lançado no sangue e transportado até os músculos ativos.
Os fragmentos de carbono provenientes dos aminoácidos que formam a alanina podem ser oxidados, a seguir, para a obtenção de energia dentro da célula muscular específica. Após 4 horas de exercício contínuo de baixa intensidade, a produção hepática de glicose derivada da alanina pode ser responsável por 45% da glicose total liberada pelo fígado. A energia derivada desse ciclo pode atender de 10% a 15% da necessidade total do exercício.


Referência

DOTTO, R. P. Nutrição para atletas. Faculdade Unyleya. 2017


domingo, 19 de março de 2017

Exercício e bem-estar psicológico


Atualmente, existe um forte apelo à utilização de equipamentos que favorecem o sedentarismo, como o controle remoto, a escada rolante, os automóveis e os portões eletrônicos. Além disso, os serviços de entrega – os famosos delivery – tornam fácil o acesso à alimentação e aos medicamentos, ao mesmo tempo que evitam o esforço físico. Apesar dos benefícios que esses bens e serviços agregam à vida moderna, tais avanços não são interessantes para a saúde, uma vez que o sedentarismo e a obesidade, associados às complexas e urgentes demandas da sociedade atual, podem levar a transtornos de humor, ansiedade e depressão (SAMULSKI et al., 2009).
Guedes (1999) aponta que o termo saúde tem sido caracterizado de forma vaga e difusa. O autor relata que a Conferência Internacional sobre Exercício, Aptidão e Saúde, realizada no Canadá em 1988, produziu um documento com a finalidade de estabelecer um consenso quanto ao estado atual do conhecimento sobre esse termo. Com certificação da Organização Internacional para Padronização (International Standardization Organization – ISO), esse documento definiu saúde como uma condição humana de dimensões física, social e psicológica, e que se caracteriza por um continuum com polos positivos e negativos. Apesar de se tratar de um construto multidimensional, a discussão a seguir tem como foco a dimensão psicológica da saúde.
As pesquisas voltadas para os benefícios psicológicos da atividade física revelam que as pessoas que se exercitam regularmente apresentam tendência a ter melhor estado de humor, maior autoestima e melhor percepção de sua imagem corporal. Além disso, investigações como a desenvolvida por Craft (2005) ressaltam os efeitos antidepressivos do exercício físico. Esses efeitos ocorrem devido à liberação, pelo organismo e durante o exercício, dos hormônios neurotransmissores beta-endorfina e dopamina, que propiciam um efeito tranquilizante e analgésico no praticante regular, que frequentemente se beneficia de um efeito relaxante pós-esforço e, em geral, consegue manter um estado de equilíbrio psicossocial mais estável frente às ameaças do meio externo (MARIN NETO et al. apud CHEIK et al., 2003).
Para Samulski e colaboradores (2009), “a intensidade do exercício realizado com o objetivo de melhorar a saúde psicológica do indivíduo deve ser de nível moderado”. O autor faz essa recomendação como medida de segurança, pois existem divergências entre os estudos na área: certos pesquisadores recomendam intensidade alta, outros sugerem intensidade média e outros, ainda, indicam a baixa intensidade.
Por fim, a Sociedade Internacional de Psicologia do Esporte (ISSP apud SAMULSKI et al., 2009) publicou uma declaração afirmando que a prática de atividade física regular e controlada pode apresentar os seguintes benefícios psicológicos:

>> redução do estado de ansiedade;
>> redução do nível de depressão moderada;
>> redução da instabilidade emocional;
>> redução de vários sintomas de estresse;
>> produção de efeitos emocionais positivos.



Texto copiado e extraído de: Fundação Vale. Psicologia do Esporte. Brasília. 2013.


sábado, 18 de março de 2017

Princípio da Sobrecarga


Esse princípio consiste em sobrecarregar o organismo do atleta, de maneira adequada, variando-se a frequência, a intensidade, o volume e a duração do treinamento. A sobrecarga deve ser individualizada e aplicada de forma progressiva ao longo do processo de treinamento.
O estabelecimento de um novo arranjo estrutural é iniciado toda vez que nosso organismo é afastado de seu equilíbrio. A sobrecarga é justamente a magnitude deste desvio, determinada por aspectos qualitativos e quantitativos. Assim, o conceito de sobrecarga não é relativo aos fatores externos que atuam no sistema, mas sim a forma como o organismo responde a tais fatores.
Dentro do treinamento de força voltado para hipertrofia, o foco do princípio da sobrecarga tem sido desviado dos aspectos qualitativos para os aspectos quantitativos, sendo comum, por exemplo, aplicar o princípio do “quanto mais, melhor”, voltando a atenção para a quantidade de estímulos (séries, repetições e, principalmente, cargas utilizadas), ao invés das alterações promovidas pelos estímulos – o que acaba por transformar o princípio da sobrecarga, no princípio da carga. Entretanto, a sobrecarga que um treino proporcionará ao sistema não poderá ser entendida unicamente contabilizando o peso utilizado ou a quantidade de séries e repetições realizadas, mas principalmente através da qualificação das alterações fisiológicas proporcionadas, o que pode ser feita pela análise de fatores como: amplitude de movimento, forma de execução, tipos de contração, método de treinamento, intervalo de descanso etc.
A sobrecarga tem limites que devem ser respeitados, pois a capacidade de nosso corpo retornar ao equilíbrio é limitada. Estímulos que causem desvios pouco significativos não promoverão mudanças estruturais, sendo inócuos, no entanto estímulos que promovam desvios acima da capacidade auto-organizadora serão lesivos. Desta forma, a sobrecarga do treino deve estar dentro de uma margem controlada para que se chegue a um estado desejável e saudável.

Referência


GENTIL, P. Bases científicas do treinamento de hipertrofia. 5ed. 2014


sexta-feira, 3 de março de 2017

A diferença entre anabolizantes e suplementos alimentares


Quem pratica atividade física regularmente ou necessita de reposição de algum nutriente deve aderir à suplementação, com recomendação médica ou de um nutricionista. Já o anabolizante é perigoso e usado em casos muito restritos.
Os anabolizantes estão fortemente associados ao abuso em diversos esportes e por pessoas que desejam ganhar mais massa e definir o corpo de forma rápida. Eles têm efeito na estimulação do crescimento ósseo, do apetite, da puberdade e no crescimento muscular, mas também são criticados por causar vários efeitos colaterais. Por isso, muitos países controlam o uso dos anabolizantes, incluindo Brasil, Reino Unido, Estados Unidos e Canadá. Oficialmente, no mundo dos esportes, o uso de anabolizantes é considerado “doping” e o atleta é penalizado, podendo ser banido definitivamente.
Ainda assim, os esteróides anabólicos, que surgiram na década de 1930, são utilizados no tratamento de algumas doenças. O produto serve para promover o crescimento celular e a sua divisão, desenvolvendo vários tipos de tecidos, principalmente o muscular e o ósseo. Para pacientes portadores do HIV, os anabolizantes são recomendados para recuperar peso. Também há orientações médicas para reposição de algum hormônio deficiente, mas, sempre são recomendados em baixa quantidade e limite do uso.
Segundo o nutrólogo Octaviano Cruz, alguns dos efeitos colaterais do uso de anabolizantes são o crescimento de mamas e redução dos testículos, para os homens, e aumento de características masculinas, irregularidades ou interrupção na menstruação e alteração do apetite, nas mulheres. Outros efeitos colaterais são aumento de acnes, distúrbios no fígado, retenção de líquido, alteração do humor, psicoses, comportamento agressivo e queda de cabelo.
Já os suplementos alimentares são, na maioria das vezes, vitaminas, aminoácios, proteínas e minerais que servem para complementar a alimentação. Segundo o médico, são importantes para pessoas com deficiências nutricionais de certas substâncias e também para garantir melhor desempenho aos praticantes de atividades físicas. Com prescrição médica ou nutricionista adequada, não há malefícios no consumo de suplemento, desde que seja feito de forma controlada. “O perigo existe quando o paciente compra os produtos por conta própria e utiliza sem nenhuma orientação profissional e em quantidades abusivas”, afirma o especialista.
Existem diversos tipos de suplementos alimentares, como os de valor energético alto, à base de carboidratos, os hiperproteicos, para ajudar na formação de músculos, e os ricos em aminoácidos. Também são considerados suplementos os produtos termogênicos, hormonais e polivitamínicos.

Matéria publicada no site UAI