sábado, 19 de novembro de 2016

Exercício físico no controle da hemoglobina glicada em diabéticos


Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (2016), o diabetes Mellitus pode ser definido como grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia. O Diabetes Mellitus é classificado, comumente, em dois tipos: diabetes mellitos tipo 1 (DM1) ou insulino-dependentes e diabetes mellitos tipo 2 (DM2) ou insulino-resistentes.
Uma das características dos diabéticos, que poucos conhecem, está realacionado ao valor da hemoglobina glicada, caso o valor seja menor que 6,5%, o indivíduo é considerado normoglicêmico (glicemia controlada), mas se o valor for maior ou igual a 6,5%, o indivíduo é considerado diabético (Sociedade Brasileira de Diabetes, 2016).
Estudos têm mostrados que o exercício físico exerce um papel muito importante no controle da hemoglobina glicada.
No estudo de Sigal e colaboradores (2007), que teve por objetivo determinar os efeitos do treinamento aeróbio (TA) com 30 minutos de duração, treinamento resistido (TR) com 30 minutos de duração, e combinado (TA+TR) com 1 hora de duração, pois foram 30 minutos de ambos em cada sessão, sobre os valores da hemoglobina glicada.   
A amostra foi constituída por 251 adultos entre 39 e 70 anos com DM2. O estudo durou 22 semanas. Havia 3 sessões semanais de exercícios com supervisão e intensidade moderada.O TA e o TR tiveram melhora na hemoglobina glicada (7.4 para 6.9 e 7.4 para 7.1 respectivamente, mas as melhorias maiores foram no TA+TR (7.4 para 6.5).
No estudo de Cauza (2006), que avaliou e analisou alguns aspectos bioquímicos, inclusive a hemoglobina glicada teve duração de 8 meses de TF com 10 pacientes DM2, após este período, os indivíduos que concluíram o estudo e as análises tiveram redução da glicemia de jejum, hemoglobina glicada, colesterol e triglicerídeos.
Logo, chega-se a conclusão que o papel do exercício físico se torna importante no tratamento do diabetes, principalmente no controle na hemoglobina glicada.


Referências

CAUZA, E. e colaboradores. The metabolic effects of long term exercise in type 2 diabetes patients. Wien Med Wochenschr. 2006. p.17-18.

SIGAL, R. J. e colaboradores. Effects of aerobic training, resistance training, or both on glycemic control in type 2 diabetes. Ann Intern Med. V.147. 2007. p.357-369.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Para o público. Disponível em: http://www.diabetes.org.br/para-o-publico/diabetes/o-que-e-diabetes. Acessado em: 26/08/2016.



terça-feira, 15 de novembro de 2016

Qual seria a velocidade de execução ideal para promover a hipertrofia muscular?


O papel da velocidade de execução da ação muscular no treinamento de força não está totalmente estabelecido. Por um bom tempo a prática profissional acreditou que execução mais lenta do movimento era recomendada. Porém, a evidência científica não comprovou esta crença. A velocidade de execução realizada no treinamento de força induz a respostas neurais, hipertróficas e metabólicas. Entretanto, pouco se conhece a respeito da velocidade ideal para hipertrofia.
Poucos estudos avaliaram o efeito da velocidade durante ações isoinerciais. Ratamess e Kraemer (2004) citaram apenas um estudo (HOUSH et al., 1992) para afirmar que a velocidade de execução pode afetar a resposta hipertrófica. Porém, é importante ressaltar que neste estudo foi utilizado equipamento isocinético. Já Carpinelli et al. (2004), em sua análise crítica ao ACSM Position Stand on Resistance Training, atestam que não existem evidências suficientes sobre a superioridade de uma velocidade específica para o desenvolvimento da hipertrofia. Por exemplo, Young e Bilby (1993) não verificaram diferença significativa da velocidade de execução sobre o grau de hipertrofia. Em um estudo realizado por Tesch et al. (1987) sugeriu que velocidades elevadas produzem menos estímulos hipertróficos quando comparados a velocidades mais baixas. Atualmente, existem indícios que a execução em alta velocidade, particularmente na fase excêntrica do movimento, parece ser mais eficiente para os ganhos de força e hipertrofia.
Logo, não existe resposta definitiva para esta pergunta, há muito ainda a ser estudado e analisado.

Referências

CARPINELLI , R. M.; OTTO , R. A; WINETT, R. A. Critical analysis of the acsm position stand on resistance training: insufficient evidence to support recommended training protocols. Journal of Exercise Physiology. V. 7, N. 3, 2004.

KRAEMER, W. J.; RATAMESS, N. A. Fundamentals of resistance training: progression and exercise prescription. Med Sci Sports Exerc v. 36, n. 4, 2004.

TESCH, P. A.; KOMI, P. V.; HAKKINEN, K. Enzymatic adaptations consequent to longterm strength training. Int J Sports Med, v. 8, p. 66-69, 1987.

Young, Warren B.; Bilby, Glenn E. The Effect of Voluntary Effort to Influence Speed of Contraction on Strength, Muscular Power, and Hypertrophy DevelopmentJournal of Strength & Conditioning Research.V. 7, N. 3, 1993.


domingo, 13 de novembro de 2016

Exercício físico como meio de tratamento para o câncer


Hoje em dia o tratamento do câncer busca, além da manutenção ou prolongamento da vida, promover a sobrevivência humanizada e com maior qualidade. Para tanto, atrela a qualidade de vida e a autonomia do paciente ao seu nível de aptidão física e capacidade funcional, tendo nos exercícios uma terapia alternativa para aumento das capacidades físicas e combate à fadiga relacionada ao câncer. 
Indivíduos com câncer desenvolvem um quadro de catabolismo intenso, que podem resultar em caquexia, fadiga intensa, náuseas, depressão, atrofia muscular, diminuição da capacidade aeróbia, diminuição da força e flexibilidade, e perda de massa muscular. Estes fatores contribuem para o decréscimo da qualidade de vida. Para minimizar esses problemas, atualmente muitos pesquisadores têm estudado como algumas atividades podem melhorar a qualidade de vida destes indivíduos, entre as quais estão os exercícios físicos.  
A implantação de um programa de exercícios físicos pode ser fei­ta em quaisquer das três fases após o diagnóstico de câncer; porém, em cada fase, os objetivos e a consequente modulação dos mesmos serão distintas.
Fase pré-tratamento: compreende o período entre o diagnóstico da doença e o início do tratamento. Os objetivos serão voltados para melhora do estado funcional geral, prevenção e atenuação do declínio funcional durante o tratamento, auxiliar o indivíduo a en­frentar emocional e psicologicamente a doença enquanto espera o tratamento. Para os indivíduos já praticantes de alguma atividade física, deve-se priorizar a manutenção da atividade e, para os não praticantes, o engajamento progressivo em um programa.
Durante o tratamento: o foco desta fase será voltado para pacientes que se encontram durante o tratamento, seja ele de qualquer natu­reza (cirúrgico, quimioterapia, radioterapia, hormônio, imunoterapia e transplante). Visando atenuar os efeitos colaterais e a toxidade dos tratamentos, manutenção das funções físicas e composição corporal, manu­tenção/melhora da capacidade funcional e força muscular, estado de humor e qualidade de vida, facilitar a conclusão do tratamento, e potencializar a eficácia dos tratamentos.
Fase pós-tratamento: a abordagem neste período será direcionada para os sobreviventes, ou seja, indivíduos que já terminaram o tratamento, sendo o exercício essencial no processo de recuperação e otimização do estado de saúde geral e qualidade de vida.
Alguns estudos concluídos até o momento mostram efeitos benéficos da atividade física contra o câncer, pois há grande quantidade de publicações científicas sobre a importância do exercício físico no tratamento e na reabilitação de pacientes com câncer. Entretanto, alguns estudos não encontraram um efeito claro, e raros são aqueles que mostram efeitos negativos.
Embora diferentes estudos mostrem que a atividade física tem contribuição na redução da mortalidade de indivíduos com câncer e na promoção de seu bem-estar, ainda não há um consenso em relação à intensidade, tanto nos estudo com animais quanto em humanos. Isso porque além da dificuldade na realização de alguns estudos, também há a extensão dos tipos de câncer e das formas de ação destes no organismo cognitivo. Alguns estudos indicam que intensidade moderada de exercício e atividades ocupacionais são a mais recomendáveis para reduzir o risco de câncer, mas alguns estudos defendem que os exercícios de alta intensidade também sejam recomendáveis para reduzir o risco de câncer.

Referência Bibliográfica

OLIVEIRA, R. A. Efeitos do treinamento aeróbio e de força em pessoas com câncer durante a fase de tratamento quimioterápico. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício. São Paulo. v.9. n.56. p.662-670. Nov./Dez. 2015.