domingo, 5 de agosto de 2018

Fatores desencadeantes da obesidade infantil



A obesidade é uma doença causada por uma complexa interação entre o ambiente, a predisposição genética e o comportamento humano. Nas últimas décadas, sua prevalência aumentou significativamente em todas as faixas etárias, tornando-se uma epidemia e acometendo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, mais de 300 milhões de pessoas em todo mundo.
A Obesidade é importante fator de risco para várias doenças incluindo diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares e câncer, e vem aumentando em frequência e gravidade em crianças e adolescentes em todo mundo.
Os fatores que poderiam explicar o aumento crescente do número de indivíduos obesos parecem estar mais relacionados às mudanças no estilo de vida e aos hábitos alimentares.
Vários trabalhos científicos evidenciam que a obesidade infantil está inversamente relacionada à prática de atividade física sistemática e diretamente relacionada com consumo excessivo de gordura e açúcar, consumo insuficiente de frutas e hortaliças, maior tempo de tela (televisão, celular, computador, videogame), maior renda familiar e ser unigênito(a).
Além dos fatores comportamentais e ambientais associados à obesidade é importante observar se a criança possui pré-disposição genética. De fato, estudos com gêmeos sugerem que, pelo menos, 50% da tendência de desenvolver obesidade é herdadas dos pais.
A descoberta de uma possível ação do gene FTO (Fat Mass and Obesity Associated) por Frayling e colaboradores (2007) no desenvolvimento da obesidade tem atraído atenção considerável de pesquisadores. Este gene é constituído por dois alelos (A e T), sendo o A relacionado diretamente a um maior acúmulo de gordura corporal, principalmente, quando se apresenta na forma duplicada AA. Assim, para cada cópia do alelo A que o indivíduo possui, geralmente, corresponde a um aumento de 0,4 kg/m2 no Índice de Massa Corporal, o IMC.
A função exata do gene FTO ainda não foi esclarecida. Em camundongos e humanos encontrou-se uma alta expressão no cérebro, especificamente, no hipotálamo, cuja regulação é promovida pelo jejum. Isso sugere um possível papel no controle da homeostase energética com produto do FTO atuando como regulador primário do acúmulo de gordura corporal.
Portanto, considerando a importância da obesidade no contexto de saúde pública global e a disparidade de prevalência em crianças brasileiras torna-se importante determinar a real contribuição do fator genético nesse público bem como promover ações que provoquem mudança no comportamento da criança e de seus familiares como prevenção e/ou reversão da doença.



Texto copiado de: ALMEIDA, I. C. O. Fatores desencadeantes da obesidade infantil: genética e ambiente. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo. v.10. n.59. p.212-214. Set./Out. 2016.


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