A obesidade é
uma doença causada por uma complexa interação entre o ambiente, a predisposição
genética e o comportamento humano. Nas últimas décadas, sua prevalência
aumentou significativamente em todas as faixas etárias, tornando-se uma
epidemia e acometendo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, mais de
300 milhões de pessoas em todo mundo.
A Obesidade é
importante fator de risco para várias doenças incluindo diabetes tipo 2,
hipertensão, doenças cardiovasculares e câncer, e vem aumentando em frequência
e gravidade em crianças e adolescentes em todo mundo.
Os fatores que
poderiam explicar o aumento crescente do número de indivíduos obesos parecem
estar mais relacionados às mudanças no estilo de vida e aos hábitos
alimentares.
Vários trabalhos
científicos evidenciam que a obesidade infantil está inversamente relacionada à
prática de atividade física sistemática e diretamente relacionada com consumo
excessivo de gordura e açúcar, consumo insuficiente de frutas e hortaliças,
maior tempo de tela (televisão, celular, computador, videogame), maior renda
familiar e ser unigênito(a).
Além dos fatores
comportamentais e ambientais associados à obesidade é importante observar se a
criança possui pré-disposição genética. De fato, estudos com gêmeos sugerem
que, pelo menos, 50% da tendência de desenvolver obesidade é herdadas dos pais.
A descoberta de
uma possível ação do gene FTO (Fat Mass and Obesity Associated) por Frayling e
colaboradores (2007) no desenvolvimento da obesidade tem atraído atenção
considerável de pesquisadores. Este gene é constituído por dois alelos (A e T),
sendo o A relacionado diretamente a um maior acúmulo de gordura corporal,
principalmente, quando se apresenta na forma duplicada AA. Assim, para cada
cópia do alelo A que o indivíduo possui, geralmente, corresponde a um aumento
de 0,4 kg/m2 no Índice de Massa Corporal, o IMC.
A função exata
do gene FTO ainda não foi esclarecida. Em camundongos e humanos encontrou-se
uma alta expressão no cérebro, especificamente, no hipotálamo, cuja regulação é
promovida pelo jejum. Isso sugere um possível papel no controle da homeostase
energética com produto do FTO atuando como regulador primário do acúmulo de
gordura corporal.
Portanto,
considerando a importância da obesidade no contexto de saúde pública global e a
disparidade de prevalência em crianças brasileiras torna-se importante
determinar a real contribuição do fator genético nesse público bem como
promover ações que provoquem mudança no comportamento da criança e de seus
familiares como prevenção e/ou reversão da doença.
Texto copiado de: ALMEIDA, I. C. O. Fatores desencadeantes da
obesidade infantil: genética e ambiente. Revista Brasileira de
Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo. v.10. n.59. p.212-214.
Set./Out. 2016.
Nenhum comentário:
Postar um comentário