Dentre
os recursos ergogênicos, os quais existem estudos sobre um possível aumento no
rendimento físico está a creatina, que tem se tornado um dos mais populares
ultimamente. Os efeitos dessa substância se baseiam na teoria de que a
suplementação aumentaria a força e a velocidade nas atividades físicas, nas
quais a fonte de energia predominante é proveniente do sistema energético
ATP-CP (Alves, 2002).
A
creatina é uma substância osmoticamente ativa. Com isso, o aumento da
concentração intracelular de creatina pode induzir o fluxo de água para o
interior das células, explicando em parte o aumento da massa corporal magra
observado após o período de carga da suplementação de creatina (Volek e
colaboradores, 1997; Francaux e Poortmans, 1999; Mujika e colaboradores, 2000).
Muitos estudos indicam que a dose de carga da suplementação de creatina leva ao
aumento da massa corporal total (Balsom e colaboradores, 1993; Francaux e
Poortmans, 1999; Volek e colaboradores, 1997; Volek e colaboradores, 1999) e da
massa corporal magra (Becque e colaboradores, 2000; Kirksey e colaboradores,
1999; Mihic e colaboradores, 2000; Peeters e colaboradores, 1999; Volek e
colaboradores, 1999).
Segundo
Green e colaboradores (1996a) e Green e colaboradores (1996b), a combinação de
creatina com carboidrato faz com que os estoques musculares de creatina
atinjam, mais facilmente, o seu limite máximo. Provavelmente esse efeito é
mediado pela insulina (Steenge e colaboradores, 1998; Williams e colaboradores,
1999). Esses dois estudos realizados por Green e colaboradores demonstraram que,
combinando creatina com carboidrato simples, como a glicose, ocorre aumento do
transporte de creatina dentro do músculo, mesmo em indivíduos com níveis de creatina
muscular próximos do normal. Em um destes estudos foi administrada uma solução
de 5 gramas de creatina e em torno de 90 gramas de carboidratos simples, sendo
essa dose consumida quatro vezes ao dia, durante cinco dias. Tanto os
suplementados com creatina pura quanto os que receberam creatina adicionada de
carboidrato tiveram aumentos da quantidade total de creatina e creatina-fosfato,
mas os que foram suplementados com creatina adicionada de carboidrato tiveram
aumento de 10% a mais de creatina, em comparação ao grupo que recebeu creatina
pura.
Um
outro estudo, desenvolvido por Stout e colaboradores (1999), avaliou o efeito
da suplementação de creatina sobre a capacidade anaeróbia, dividindo a
amostra de 26 indivíduos em três grupos,
os quais receberam doses contendo 35 gramas de carboidrato (dextrose) como
solução placebo, 5,25 gramas de creatina mais um grama de carboidrato ou 5,25
gramas de creatina mais 33 gramas de carboidrato, quatro vezes ao dia, durante
seis dias. O grupo que recebeu 5,25 gramas de creatina mais 33 gramas de
carboidrato por dose teve incremento de 30,7% da capacidade anaeróbia versus
9,4% de incremento do grupo que recebeu 5,25 gramas de creatina mais um grama
de carboidrato.
A
cafeína parece exercer efeito contrário ao do carboidrato no que diz respeito
ao armazenamento de creatina no músculo.
Um
estudo desenvolvido por Vandenberghe e colaboradores (1996) mostrou que o
consumo de cafeína juntamente com a creatina (0,5 grama de creatina /kg de peso
associado a 5 mg de cafeína/kg de peso/ dia, durante oito dias) atrapalhou o
efeito da suplementação de creatina sobre o aumento das concentrações
musculares de creatina-fosfato no músculo e, com isso, não houve melhora da
performance. Segundo os autores, a cafeína ingerida na dose de 400 mg, que
equivale a aproximadamente 3,5 xícaras de café, faz com que se perca o efeito
ergogênico da creatina.
Observação:
Antes de se submeter a qualquer tipo de dieta ou suplementação um nutricionista
deverá ser consultado.
Referências
bibliográficas
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ergogênicos nutricionais. Revista do Ministério da Educação Física. Viçosa.
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Williams, Melvin H. The
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Amei! :D
ResponderExcluirMuito obrigado pelo comentário!
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