sábado, 18 de abril de 2015

Exercício Físico e Gravidez: benefícios e contraindicações


Introdução

Com o crescente aumento de mulheres que praticam exercícios físicos e esportes de forma regular, é importante que o especialista nas áreas clínicas se mantenha atualizado sobre os benefícios e riscos da prática esportiva durante a gravidez, no sentido de promover uma orientação segura e precisa para suas pacientes grávidas.
A gestação é um período onde diversas alterações fisiológicas e mecânicas ocorrem na mulher, necessitando de meios que reduzam essas alterações mantendo o bem estar. O período gestacional compreende diversas mudanças corporais. São aproximadamente 36 semanas de gravidez, em que a gestante sofre adaptações fisiológicas e anatômicas. Durante a gestação, o crescimento e desenvolvimento do feto e do útero, provocam mudanças na forma, no tamanho e na inércia materna.
Durante a gestação, o corpo da grávida passa por uma série de adaptações envolvendo diversos aparelhos e sistemas, dentre eles, o respiratório, o cardíaco, o ósseo e o muscular. Essas modificações são de nível fisiológico e mecânico. Ao compreender essas alterações, os profissionais de saúde envolvidos podem intervir proporcionando melhoria, bem-estar e qualidade de vida às gestantes.
De acordo com as publicações do American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG), o exercício regular promove benefícios para a saúde e, praticado durante a gravidez, pode afetar a saúde da mulher para o resto da vida. Os exercícios físicos podem ser realizados por gestantes sedentárias, atletas ou com um estilo de vida ativo, e até por aquelas com complicações médicas e obstétricas. Apesar de apresentarem mudanças anatômicas e fisiológicas, há poucas instâncias que impedem a prática de exercícios por mulheres grávidas.
A atividade física no período gestacional é recomendada mediante ausência de qualquer anormalidade, após uma avaliação médica especializada. O exercício físico deve ser prescrito por um profissional de educação física a fim de controlar qualquer variável ou sintoma gravídico para evitar, prevenir ou sanar complicação ou doença.
Mas em alguns casos há contraindicações da prática de exercícios durante a gravidez, a seguir veremos alguns benefícios e algumas contraindicações para a prática de exercícios físicos.

Benefícios do exercício físico na gravidez




As mulheres sedentárias apresentam um considerável declínio do condicionamento físico durante a gravidez. Além disto, a falta de atividade física regular é um dos fatores associados a uma susceptibilidade maior a doenças durante e após a gestação.
Há um consenso geral na literatura científica de que a manutenção de exercícios de intensidade moderada durante uma gravidez não-complicada proporciona inúmeros benefícios para a saúde da mulher.
Apesar de ainda existirem poucos estudos nesta área, exercícios resistidos de intensidade leve a moderada podem promover melhora na resistência e flexibilidade muscular, sem aumento no risco de lesões, complicações na gestação ou relativas ao peso do feto ao nascer. Consequentemente, a mulher passa a suportar melhor o aumento de peso e atenua as alterações posturais decorrentes desse período.
A atividade física aeróbia auxilia de forma significativa no controle do peso e na manutenção do condicionamento, além de reduzir riscos de diabetes gestacional, condição que afeta 5% das gestantes. A ativação dos grandes grupos musculares propicia uma melhor utilização da glicose e aumenta simultaneamente a sensibilidade à insulina.
Os estudos também mostram que a manutenção da prática regular de exercícios físicos ou esporte apresenta fatores protetores sobre a saúde mental e emocional da mulher durante e depois da gravidez. Além disso, existem dados sugestivos de que a prática de exercício físico durante a gravidez exerce proteção contra a depressão puerperal.
Na literatura há alguns estudos envolvendo exercícios para a musculatura pélvica durante a gravidez. Eles são unânimes em afirmar os benefícios deste tipo específico de exercício como forma de prevenção à incontinência urinária associada à gravidez.

Contra-indicações de exercício durante a gravidez

O exercício regular é contraindicado em mulheres com as seguintes complicações:

Contraindicações absolutas

>> Doença miocárdica descompensada;
>> Insuficiência cardíaca congestiva;
>> Tromboflebite;
>> Embolia pulmonar recente;
>> Doença infecciosa aguda;
>> Isoimunização grave;
>> Paciente sem acompanhamento pré-natal ;
>> Risco de parto prematuro;
>> Suspeita de estresse fetal;
>> Sangramento uterino;
>> Doença hipertensiva descompensada.

Contraindicações relativas

>> Hipertensão essencial;
>> Anemia grave;
>> Limitações ortopédicas;
>> Bronquite crônica;
>> Doenças tireoidianas;
>> Diabetes mellitus descompensado;
>> Obesidade mórbida;
>> Arritmia cardíaca grave.



Prescrição de exercícios físicos para mulheres grávidas

Todas as mulheres que não apresentam contraindicações devem ser incentivadas a realizar atividades aeróbias, de resistência muscular e alongamento. As mulheres devem escolher atividades que apresentem pouco risco de perda de equilíbrio e de traumas. O trauma direto ao feto é raro, mas é prudente evitar esportes de contato ou com alto risco de colisão.
Deve-se tomar o cuidado de não se exercitar vigorosamente em climas muito quentes e de prover a hidratação adequada, de modo a não prejudicar a termorregulação da mãe.
Com base em pesquisas na área de exercício e gravidez, o Sports Medicine Australia elaborou as seguintes recomendações:

>> em grávidas já ativas, manter os exercícios aeróbios em intensidade leve a moderada durante a gravidez, de 20 a 60 minutos;
>> evitar treinos em frequência cardíaca acima de 140 bpm;
>> exercitar-se três a quatro vezes por semana;
>> em atletas é possível exercitar-se em intensidade mais alta com segurança;
>> os exercícios resistidos também devem ser moderados;
>> evitar as contrações isométricas máximas;
>> evitar exercícios na posição com a cabeça baixa e com a barriga voltada para baixo;
>> evitar exercícios em ambientes quentes e piscinas muito aquecidas, pode causar hipotensão;
>> evitar apneias ou manobras de Valsalva;
>> evitar exercícios também em ambientes frios e piscinas frias demais, pode causar hipertensão;
>> desde que se consuma uma quantidade adequada de calorias, exercício e amamentação são compatíveis;
>> interromper imediatamente a prática esportiva se surgirem sintomas como dor abdominal, cólicas, sangramento vaginal, tontura, náusea ou vômito, palpitações e distúrbios visuais e procurar um médico especialista;
>> não existe nenhum tipo específico de exercício que deva ser recomendado durante a gravidez. A grávida que já se exercita deve manter a prática da mesma atividade física que executava antes da gravidez, desde que os cuidados acima sejam respeitados.


Considerações finais

A gravidez envolve várias mudanças fisiológicas e motoras na mulher. É o período em que todo o corpo se adapta para formar, abrigar e desenvolver uma nova vida que virá após nove meses de gestação. Essas adaptações envolvem vários órgãos e sistemas e, durante o período gestacional, alterações no equilíbrio, coordenação e controle de movimentos afetam as atividades e a rotina diária da vida da mulher.
Os exercícios físicos são indicados para a prevenção ou melhoria dos sintomas gravídicos e sua prática promove benefícios não só para a mãe como para o bebê. Para a prática de exercícios, as mulheres devem ser liberadas pelo médico especialista e a prescrição tem que ser feita por um profissional de educação física.
A intensidade dos exercícios varia de acordo com a rotina da gestante. Porém, com o avanço da gravidez, as novas alterações fisiológicas naturais e o ganho de peso prejudicam a prática do exercício nas mesmas intensidades, exigindo que haja um maior controle por parte da mãe e do professor.
O exercício ideal é aquele em que a gestante se sinta bem e confortável. Por isso, a escolha da modalidade deve partir da gestante, desde que respeite as condições provenientes da gravidez e qualquer mudança ou sintoma que acusem qualquer tipo de doença. O profissional de educação física deve estar bem informado e conhecer todas as alterações e sintomas desse período, para que a prática dos exercícios seja sempre benéfica não só para a mãe, mas para o bebê que virá.

Referências

LIMA, F. R.; OLIVEIRA, N. Gravidez e Exercício. Rev Bras Reumatol, v. 45, n. 3, p. 188-90, mai./jun., 2005

AZEVEDO, R. A.; MOTA, M. R.; SILVA, A. O.; DANTAS, R. A. E. Exercício Físico durante a gestação: uma prática saudável. Universitas: Ciências da Saúde, Brasília, v. 9, n. 2, p. 53-70, jul./dez. 2011


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