Nosso organismo vive em um estado dinâmico de equilíbrio, fruto da
constante interação com o meio. Sempre que um estímulo externo o afaste deste
equilíbrio, os padrões de organização do sistema são mudados para se ajustar à
nova realidade, em uma tendência chamada auto-organização. Esta tendência em
superar desafios externos por meio de mudanças estruturais é a base do
princípio da adaptação, dentro do treinamento desportivo (Gentil, 2014).
No treinamento de força, por exemplo, a sobrecarga imposta pelos
exercícios afetará o funcionamento do organismo por meio do rompimento de
sarcômeros, diminuição das reservas energéticas, acúmulo de metabólitos e
outras alterações fisiológicas que fazem emergir a necessidade de um novo
estado de organização, que nos torne aptos a sobreviver adequadamente nas novas
condições, caracterizadas pela imposição de sobrecargas constantes, como no
treinamento de longo prazo. Este novo estado de equilíbrio é promovido por
processos específicos, que levarão a alterações estruturais como: aumento da
secção transversa das fibras, maior eficiência neural, hiperplasia, mudanças
nos tipos de fibras, aumento das reservas de energia, dentre outros (Gentil,
2014).
Muito mais que um princípio, a adaptação pode ser considerada uma
lei, tanto que há autores que não a colocam como um dos princípios, mas sim
como uma lei que rege o treinamento, do qual se derivam os princípios
propriamente ditos (Weineck, 1999; Zatsiorsky, 1999).
É importante frisar aqui que a adaptação não é imposta pelo meio,
mas sim estabelecida pelo próprio sistema (Capra, 2000), portanto os resultados
do treinamento não são consequências somente dos estímulos oferecidos, mas sim
da reação do organismo a estes estímulos.
Referências
CAPRA, F. O ponto de mutação: a ciência, a sociedade
e a cultura emergente. Editora Cultrix, São Paulo. 2000
GENTIL, P. Bases científicas do treinamento de
hipertrofia. 5ed. 2014
WEINECK, J. Treino ideal. Editora Manole, São Paulo.
1999
ZATSIORSKY, V. M.
Ciência e prática do treinamento de
força. Phorte Editora, São Paulo. 1999