Definições
e conceitos
O
sobrepeso e a obesidade descritos pelo índice de massa corporal (IMC) acima de
25 e 30 respectivamente, calculados através da divisão do peso em quilogramas
(Kg) pelo quadrado da sua altura em metros (m) (kg/m2 = IMC) são
definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMG, 2016) como acúmulo anormal ou
excessivo de gordura que pode prejudicar a saúde.
Sendo
que o sobrepeso e a obesidade, juntos são a principal causa de inúmeras doenças
sistêmicas, representando o quinto risco de mortes globais matando certa de 2,8
milhões de adultos ao ano (OMG, 2016).
A
obesidade constitui atualmente um dos maiores problemas de saúde pública, pois
está amplamente associada a vários fatores de risco que envolve problemas
cardíacos e outras doenças crônico-degenerativas, tais como dislipidemia,
hiperinsulinemia, diabetes tipo II, hipertensão, aterosclerose e esteatose
hepática não alcoólica (Foster-Schubert, Cummings, 2006; Tock e colaboradores,
2006).
A
obesidade está diretamente relacionada a processos inflamatórios crônicos
(Reilly, 2005), sendo que, o estado inflamatório crônico parece ser um
importante fator no desenvolvimento da síndrome metabólica e das doenças
cardiovasculares e crônico-degenerativas associadas.
A
obesidade é considerada um problema de saúde pública, está diretamente
associado com a síndrome metabólica e a altas taxas de morbidade e mortalidade
cardiovasculares (Mcardle, Katch e Katch, 2003).
A
educação alimentar e a prática de exercícios físicos correspondem às principais
formas de tratamento não-farmacológicas do problema (Guimarães, Avezum e
Piegas, 2006).
Treinamento
de força e obesidade
O
exercício físico pode corresponder até 30% do gasto energético diário de um
indivíduo (Mcardle, Katch e Katch, 2003). O exercício físico é o fator mais
variável do gasto energético diário, pois tem o poder de gerar taxas
metabólicas até 10 vezes maiores que os seus valores em repouso (Eriksson,
Taimela e Koivisto, 1997). Existem evidências científicas suficientes para
sustentar a inclusão do treinamento de força em um programa de tratamento de
pessoas obesas (Dâmaso, 2009).
Os
exercícios com pesos oferecem estratégias para o controle do peso corporal
aumentando o gasto calórico, a massa muscular e a taxa metabólica de repouso
(TMR), além do maior consumo de oxigênio pós-exercício (EPOC). Como
consequência, ocorre diminuição no percentual de gordura corporal, favorecendo
o emagrecimento (Hauser e colaboradores, 2004).
Os
mecanismos, através dos quais o exercício de força contribui para a diminuição
da obesidade e de seus fatores de risco, incluem (Jurca e colaboradores, 2004;
Guttierres, Marins, 2008):
>> a
redução na gordura abdominal;
>> melhoria
dos níveis de triglicerídeos;
>> aumento
do HDL;
>> controle
glicêmico;
>> aumento
da termogênese induzida pelo alimento e da atividade da leptina;
>> aumento
do gasto energético total e do consumo de oxigênio pós-exercício (EPOC), que
pode durar por até 24 horas.
O
exercício resistido pode causar maior impacto sobre o EPOC durante o período de
recuperação após o exercício em virtude da restauração dos estoques de ATP e
fosfocreatina muscular, reparação do estoque de oxigênio sanguíneo e muscular,
danos teciduais, aumento da frequência cardíaca e remoção de lactato (Melby,
Commerford, Hill, 1998).
O
mecanismo de ação do treinamento de força, por meio do EPOC, na perda de peso
corporal, encontra-se no princípio da atividade de alta intensidade, na qual há
maior ativação do sistema nervoso simpático, aumentando, assim, o metabolismo
lipídico de repouso, mudando o substrato energético, que durante o exercício é
glicogênio (Thornton; Potteiger, 2002).
O
estudo de Kang e colaboradores (2009) teve como objetivo avaliar o efeito agudo do treinamento resistido de
diferentes intensidades sobre o gasto de energia e utilização do substrato
durante o exercício aeróbico subsequente. No estudo houve a participação de 11 homens e 21 mulheres que completaram três ensaios
experimentais que consistia em:
(1) o exercício aeróbico em cicloergômetro somente;
(2) o exercício aeróbico precedido por um treinamento de resistência de
alta intensidade (três séries de oito repetições a 90% de 8-RM);
(3) o exercício aeróbico precedida por uma baixa intensidade treinamento de
resistência (três séries de 12 repetições a 60% de 8-RM).
Percebeu-se
em ambos os gêneros que a intensidade de (90% de 8RM) promoveu maior oxidação
lipídica quando comparada a intensidade de (60% de 8RM) e exercício aeróbico
somente. O que colabora com a premissa de que o número de repetições não precisa
ser elevado quando o objetivo do treinamento for redução de gordura corporal.
O
estudo de Ryan e colaboradores (1995) teve como objetivo analisar o efeito
crônico do exercício em mulheres obesas e não-obesas na pós-menopausa no EPOC e
na taxa metabólica de repouso (TMR). As obesas foram acompanhadas por 16 semanas
de treinamento resistido.
Os
resultados demonstraram aumento significativo (aproximadamente 4%) da TMR e da
massa muscular em ambos os grupos de obesas e não-obesas e consequente aumento
do EPOC. Além disso, as pessoas obesas obtiveram redução significativa da massa
corporal, massa gorda e percentual de gordura, indicando que o exercício
resistido pode ser um importante componente integrado a programas de
emagrecimento em mulheres obesas pós-menopausa. Esse estudo acrescenta um
aspecto importante na literatura ao demonstrar que o treinamento resistido
acompanhado de redução na massa corporal e aumento da TMR.
Burleson
e colaboradores (1998) realizaram um estudo para verificar por quanto tempo o
EPOC se prolongava após uma atividade aeróbica a 44% do VO2 por 27 minutos e
outra anaeróbica (TF) 44% de 1RM. Após a atividade aeróbica, o EPOC durou cerca
de 30 minutos e, após a atividade anaeróbica, em torno de 90 minutos.
Conclusão
Logo,
conclui-se que o treinamento de força é essencial para o tratamento da
obesidade, promovendo um emagrecimento saudável, pois aumenta o gasto calórico
diário, aumentando o EPOC e a TMR, e dependendo da intensidade do exercício de
força este gasto pode durar até por 24 horas ou mais. Além disso, o treinamento
de força traz muitos outros benefícios como foi mencionado antes.
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