Um problema comum em mulheres sobreviventes ao câncer de
mama é o linfedema, este se caracteriza pelo acúmulo de proteínas em fluidos
corporais, caracterizado pelo inchaço nas mãos, braços e peito, especialmente
se forem submetidas à treinamento de membros superiores, como foi visto em
estudo feito com mulheres sobreviventes ao câncer de mama realizado por Schmitz
(2010). Porém estudos como o de Mckenzie e Kaldar (2003) e Ahmed e
colaboradores (2008) mostraram o contrário dessa afirmação.
O objetivo do estudo de Mckenzie e Kaldar (2003) foi examinar o efeito de um programa de exercícios
progressivo na parte superior do corpo sobre o linfedema secundário ao
tratamento do câncer de mama. Quatorze mulheres sobreviventes ao câncer de mama
com linfedema unilateral na extremidade superior do corpo foram designados
aleatoriamente para um grupo de exercícios (n = 7) e um grupo controle (n = 7).
O grupo exercício durante 8 semanas realizou na parte superior do corpo um
programa de exercício que consistia em treinamento de força mais exercício
aeróbio utilizando um ergômetro de braço tipo remo. O linfedema foi avaliado
pela circunferência do braço e medição do volume do braço por deslocamento de
água. Os resultados mostraram que nem o treinamento de força e nem o ergômetro
de braço não modificaram a circunferência e volume dos membros superiores em
mulheres com linfedema após tratamento do câncer de mama.
Ahmed e colaboradores (2008) conduziram um estudo clínico
randomizado e controlado durante seis meses com o objetivo de analisar a
relação entre exercício e linfedema em sobreviventes de câncer de mama. Neste
estudo foi demonstrado que o treinamento de força não promoveu o
desenvolvimento do linfedema, além de não ter sido observada nenhuma alteração
no perímetro do braço.
Por
estes estudos se verifica que os exercícios para os membros superiores não
causam ou pioram o linfedema em pacientes com câncer de mama. Mas vale
ressaltar que, em casos de linfedema agudo com sintomatologia de dor, o
exercício poderá ou deverá ser interrompido de acordo com as recomendações
médicas (Schmitz, 2010). Logo, caberá também ao profissional responsável pela
prescrição de exercício suspender os exercícios que causam ou pioram esse
problema.
Nota
importante: Por
experiência própria já tive uma aluna que teve linfedema após a cirurgia de
retirada do tumor mamário, tentei realizar exercícios de força em seus membros
superiores, mas infelizmente ela não teve condições de realizá-los, pois ela
sempre reclamava de inchaços e pequenas dores nos braços e, como o próprio
Schmitz (2010) recomendou, tive que suspender tais exercícios. Mas isso foi um
caso à parte, pois houve mulheres que mesmo depois do tratamento de câncer de
mama, independente de qual tenha sido, e com o surgimento do linfedema elas conseguiram
realizar exercícios de membros superiores. Cada caso é um caso!
Referências
AHMED, R. e colaboradores. Randomized controlled trial of weight
training and lymphedema in breast cancer survivors. Journal of Clinical
Oncology, Alexandria, v.18, no. 24, p. 2765-2772, 2008.
MCKENZIE, D.; KALDAR, A. Effect of upper extremity exercise on secondary
lymphedema in breast câncer patients: A pilot study. Journal of Clinical Oncology, Alexandria, v. 21,
no.3, p. 463-466, 2003.
SCHMITZ, K, H. Balancing lymphedema risk: exercise versus deconditioning
for breast cancer survivors. Exercise and Sport Sciences Reviews,
Madison, v.38, no.1, p. 17-24, 2010.