sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Câncer de mama, linfedema e exercícios de membros superiores


Um problema comum em mulheres sobreviventes ao câncer de mama é o linfedema, este se caracteriza pelo acúmulo de proteínas em fluidos corporais, caracterizado pelo inchaço nas mãos, braços e peito, especialmente se forem submetidas à treinamento de membros superiores, como foi visto em estudo feito com mulheres sobreviventes ao câncer de mama realizado por Schmitz (2010). Porém estudos como o de Mckenzie e Kaldar (2003) e Ahmed e colaboradores (2008) mostraram o contrário dessa afirmação.
O objetivo do estudo de Mckenzie e Kaldar (2003) foi examinar o efeito de um programa de exercícios progressivo na parte superior do corpo sobre o linfedema secundário ao tratamento do câncer de mama. Quatorze mulheres sobreviventes ao câncer de mama com linfedema unilateral na extremidade superior do corpo foram designados aleatoriamente para um grupo de exercícios (n = 7) e um grupo controle (n = 7). O grupo exercício durante 8 semanas realizou na parte superior do corpo um programa de exercício que consistia em treinamento de força mais exercício aeróbio utilizando um ergômetro de braço tipo remo. O linfedema foi avaliado pela circunferência do braço e medição do volume do braço por deslocamento de água. Os resultados mostraram que nem o treinamento de força e nem o ergômetro de braço não modificaram a circunferência e volume dos membros superiores em mulheres com linfedema após tratamento do câncer de mama.
Ahmed e colaboradores (2008) conduziram um estudo clínico randomizado e controlado durante seis meses com o objetivo de analisar a relação entre exercício e linfedema em sobreviventes de câncer de mama. Neste estudo foi demonstrado que o treinamento de força não promoveu o desenvolvimento do linfedema, além de não ter sido observada nenhuma alteração no perímetro do braço.
Por estes estudos se verifica que os exercícios para os membros superiores não causam ou pioram o linfedema em pacientes com câncer de mama. Mas vale ressaltar que, em casos de linfedema agudo com sintomatologia de dor, o exercício poderá ou deverá ser interrompido de acordo com as recomendações médicas (Schmitz, 2010). Logo, caberá também ao profissional responsável pela prescrição de exercício suspender os exercícios que causam ou pioram esse problema.


Nota importante: Por experiência própria já tive uma aluna que teve linfedema após a cirurgia de retirada do tumor mamário, tentei realizar exercícios de força em seus membros superiores, mas infelizmente ela não teve condições de realizá-los, pois ela sempre reclamava de inchaços e pequenas dores nos braços e, como o próprio Schmitz (2010) recomendou, tive que suspender tais exercícios. Mas isso foi um caso à parte, pois houve mulheres que mesmo depois do tratamento de câncer de mama, independente de qual tenha sido, e com o surgimento do linfedema elas conseguiram realizar exercícios de membros superiores. Cada caso é um caso!

Referências

AHMED, R. e colaboradores. Randomized controlled trial of weight training and lymphedema in breast cancer survivors. Journal of Clinical Oncology, Alexandria, v.18, no. 24, p. 2765-2772, 2008.

MCKENZIE, D.; KALDAR, A. Effect of upper extremity exercise on secondary lymphedema in breast câncer patients: A pilot study. Journal of Clinical Oncology, Alexandria, v. 21, no.3, p. 463-466, 2003.

SCHMITZ, K, H. Balancing lymphedema risk: exercise versus deconditioning for breast cancer survivors. Exercise and Sport Sciences Reviews, Madison, v.38, no.1, p. 17-24, 2010.



2 comentários:

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    1. Interessante seu relato. Já vi sobre tratamento de câncer e de outras doenças com o uso de fitoterápicos.

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