terça-feira, 17 de março de 2015

Inatividade física, exercício físico e doenças crônicas


Estudos epidemiológicos demonstram que a inatividade física aumenta substancialmente a incidência relativa de doença arterial coronariana (45%), infarto agudo do miocárdio (60%), hipertensão arterial (30%),câncer de cólon (41%), câncer de mama (31%), diabetes do tipo 2 (50%) e osteoporose (59%). As evidências também indicam que a inatividade física é independentemente associada à mortalidade, morbidade, obesidade, maior incidência de quedas e debilidade física em idosos, dislipidemia, depressão, demência, ansiedade e alterações do humor. Em populações pediátricas, o sedentarismo é também considerado o principal fator responsável pelo aumento pandêmico na incidência de obesidade juvenil. Além disso, recentes achados sugerem que a inatividade física é um componente agravante do estado geral de saúde em crianças e adolescentes acometidos por várias doenças, incluindo as cardiovasculares, renais, endocrinológicas, neuromusculares e osteoarticulares.
A inatividade física é um dos grandes problemas de saúde pública na sociedade moderna, sobretudo quando considerado que cerca de 70% da população adulta mundial não atinge os níveis mínimos recomendados de atividade física.
Com o advento das revoluções industriais e tecnológicas, o alimento tornou-se abundante e a todo o momento disponível. A atividade física, crucial nos tempos remotos, como na Pré-história (ex.: caçar, pescar, fugir do perigo etc.), tornou-se dispensável. O homem, outrora fisicamente ativo e nômade, tornou-se sedentário. Como consequência, condições como síndrome metabólica (associação de diversos fatores de risco para doenças cardiovasculares, como dislipidemia, hiperglicemia, colesterolemia etc.) e obesidade emergiram.
De fato, existem cada vez mais evidências clínicas e experimentais que suportam a teoria de que o descompasso entre o genoma “moldado” há séculos (10.000 a.C.) e o ambiente pobre em atividade física experimentado pelo homem moderno é o bojo das pandemias de doenças crônicas que afligem as sociedades atuais.
Com exceção dos órgãos sensoriais, que parecem não serem influenciados pelo exercício, todos os demais sistemas podem ser beneficamente modulados pela prática regular de atividade física. A prática de exercícios tem sido considerada tratamento de primeira linha em diversas doenças crônicas, tais como diabetes do tipo 2, hipertensão arterial, osteoartrite, osteoporose, obesidade, câncer, etc.
O Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM) e a Associação Americana de Cardiologia (AHA) têm divulgado à sociedade o exercício físico como um verdadeiro “remédio” para o tratamento de doenças crônicas, pois o exercício físico é uma ferramenta barata, segura, não patenteável e, quando prescrita de maneira correta, põe fim à necessidade de uma vasta gama de medicamentos.
Logo, a (re)inserção da atividade física na vida do homem moderno é essencial à manutenção da função normal (fisiológica e bioquímica) do organismo, cabendo ao profissional de Educação Física se capacitar a fim de prescrever o exercício com eficácia e segurança a toda população.

Referência

GUALANO, B.; TINUCCI, T. Sedentarismo, exercício físico e doenças crônicas. Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, p.37-43, dez. 2011.


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