Estudos
epidemiológicos demonstram que a inatividade física aumenta substancialmente a
incidência relativa de doença arterial coronariana (45%), infarto agudo do
miocárdio (60%), hipertensão arterial (30%),câncer de cólon (41%), câncer de
mama (31%), diabetes do tipo 2 (50%) e osteoporose (59%). As evidências também
indicam que a inatividade física é independentemente associada à mortalidade, morbidade,
obesidade, maior incidência de quedas e debilidade física em idosos,
dislipidemia, depressão, demência, ansiedade e alterações do humor. Em populações
pediátricas, o sedentarismo é também considerado o principal fator responsável
pelo aumento pandêmico na incidência de obesidade juvenil. Além disso, recentes
achados sugerem que a inatividade física é um componente agravante do estado
geral de saúde em crianças e adolescentes acometidos por várias doenças,
incluindo as cardiovasculares, renais, endocrinológicas, neuromusculares e
osteoarticulares.
A
inatividade física é um dos grandes problemas de saúde pública na sociedade moderna,
sobretudo quando considerado que cerca de 70% da população adulta mundial não
atinge os níveis mínimos recomendados de atividade física.
Com o
advento das revoluções industriais e tecnológicas, o alimento tornou-se
abundante e a todo o momento disponível. A atividade física, crucial nos tempos
remotos, como na Pré-história (ex.: caçar, pescar, fugir do perigo etc.),
tornou-se dispensável. O homem, outrora fisicamente ativo e nômade, tornou-se
sedentário. Como consequência, condições como síndrome metabólica (associação
de diversos fatores de risco para doenças cardiovasculares, como dislipidemia,
hiperglicemia, colesterolemia etc.) e obesidade emergiram.
De fato,
existem cada vez mais evidências clínicas e experimentais que suportam a teoria
de que o descompasso entre o genoma “moldado” há séculos (10.000 a.C.) e o
ambiente pobre em atividade física experimentado pelo homem moderno é o bojo
das pandemias de doenças crônicas que afligem as sociedades atuais.
Com exceção
dos órgãos sensoriais, que parecem não serem influenciados pelo exercício,
todos os demais sistemas podem ser beneficamente modulados pela prática regular
de atividade física. A prática de exercícios tem sido considerada tratamento de
primeira linha em diversas doenças crônicas, tais como diabetes do tipo 2,
hipertensão arterial, osteoartrite, osteoporose, obesidade, câncer, etc.
O Colégio
Americano de Medicina do Esporte (ACSM) e a Associação Americana de Cardiologia
(AHA) têm divulgado à sociedade o exercício físico como um verdadeiro “remédio”
para o tratamento de doenças crônicas, pois o exercício físico é uma ferramenta
barata, segura, não patenteável e, quando prescrita de maneira correta, põe fim
à necessidade de uma vasta gama de medicamentos.
Logo, a (re)inserção
da atividade física na vida do homem moderno é essencial à manutenção da função
normal (fisiológica e bioquímica) do organismo, cabendo ao profissional de
Educação Física se capacitar a fim de prescrever o exercício com eficácia e
segurança a toda população.
Referência
GUALANO, B.; TINUCCI, T. Sedentarismo, exercício físico e doenças
crônicas. Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, p.37-43, dez.
2011.
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