Introdução
O HIV (sigla em inglês que
significa Vírus da Imunodeficiência Humana), é o vírus causador da AIDS
(sigla em inglês que significa Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), doença
fatal que atinge o sistema imunológico a ponto de tornar mortais
as infecções que geralmente corriqueiras, como gripe, resfriado etc. Pelo
menos 28 milhões de pessoas já morreram de AIDS no mundo todo.
Aproximadamente 30 anos
depois da identificação do HIV, ainda não há vacina contra o vírus, nem cura
para AIDS. Mas a expectativa de vida dos portadores de HIV cresceu
significativamente graças à nova geração de medicamentos usados no combate à
AIDS.
Informações sobre o HIV
O HIV atinge o sistema
imunológico, normalmente responsável pela proteção do organismo contra
infecções.
O vírus ataca um tipo de glóbulo
branco ou leucócito (célula de defesa) chamado linfócito ou célula CD4. No
processo, o HIV aloja seu genes no DNA da célula CD4 atingida e passa a
utilizá-la para se multiplicar e, com isso, contaminar novas células.
Durante o processo, as células
CD4 acabam morrendo por razões ainda não totalmente conhecidas. Com a redução
do número desses glóbulos brancos, o organismo começa a perder a perder a
capacidade de combater doenças até atingir o ponto crítico que caracteriza a
AIDS.
O HIV faz parte dos retrovírus,
que, embora mais simples que os vírus comuns, são mais difíceis de ser
combatidos. Eles alojam seu DNA nas células atacadas de forma que novas células
produzidas por elas passam a também portar o vírus.
Os retrovírus também reproduzem
seus genes na célula-alvo com maior margem de erro. Isso, somado à alta taxa de
reprodução do HIV, provoca muitas mutações no vírus causador da AIDS. E não só.
O HIV é protegido por uma camada feita do mesmo material que algumas células
humanas, o que dificulta sua identificação pelo sistema imunológico.
Vejam na ilustração como o HIV se
reproduz:
1. Ataque: Proteínas do HIV se acoplam a receptores CD4
presentes em glóbulos brancos (células de defesa) do sangue.
2. Cópia dos genes: O HIV faz uma cópia de seu
próprio material genético.
3. Replicação: O vírus aloja a cópia de seus genes no DNA da
célula hospedeira. Quando essa célula começa a se reproduzir, partes do vírus
também são reproduzidas.
4. Novo vírus: As partes do vírus se unem perto da parede
celular, originando um novo vírus HIV.
Formas de transmissão
O HIV está presente na sangue,
fluidos sexuais e leite materno de pessoas infectadas. O vírus pode ser
contraído:
- Por relações sexuais sem proteção com uma pessoa
contaminada;
- Pelo compartilhamento de agulhas e seringas com
pessoas infectadas;
- Pela transfusão de sangue infectado;
- Pelo contato de fluidos contaminados com cortes
ou feridas;
- Na gravidez, no parto ou por meio do aleitamento
materno, quando a mãe é portadora do HIV.
O HIV também está presente na
saliva das pessoas infectadas, mas não em quantidade suficiente para
transmissão.
Uma vez que os fluidos infectados
tenham secado, o risco de transmissão é praticamente zero.
Evitar relações sexuais com
pessoas que estejam ou possam estar infectadas pelo vírus e utilizar
preservativos de látex são as principais formas de prevenção da AIDS.
Os preservativos de látex são
impermeáveis a partículas do tamanho do HIV. Se usada corretamente, a camisinha
é altamente eficaz na redução do risco de contaminação. Entretanto, nenhum
método é 100% seguro, com exceção da abstinência sexual.
O HIV não é transmitido por meio de:
- Tosse, espirros ou pelo ar.
- Beijos no rosto, nas mãos ou nos lábios;
- Copos e talheres compartilhados com pessoas
infectadas;
- Abraçando ou tocando na pessoa infectada;
- Privadas;
- Picadas de insetos e outros animais;
- Piscinas;
- Alimentos preparados por um portador do vírus.
Estágios iniciais
Cerca de metade dos portadores do
HIV sofre de sintomas parecidos com os de uma gripe entre duas e quatro semanas
depois da contaminação. Entre eles, podem estar febre, fadiga, mancha nas
peles, dor nas juntas, dor de cabeça e inchaço dos gânglios.
O gráfico a seguir mostra a
trajetória típica da infecção causada pelo HIV. A contagem de CD4 equivale ao
número dessas células por milímetro cúbico de sangue. À medida que o vírus
progride, essa contagem se reduz e a vulnerabilidade do organismo aumenta.
Um sistema imunológico saudável
tem de 600 a 1.200 células CD4 por milímetro cúbico de sangue. Considera-se que
o paciente tem AIDS quando esse número se torna inferior a 200. A carga viral é
o número de partículas do vírus por milímetro de sangue. Ela atinge seu auge no
início da infecção, quando o vírus se replica rapidamente na corrente sanguínea.
Alguns portadores do HIV
continuam saudáveis e sem sintomas do vírus por muitos anos e só depois
desenvolvem a doença.
Outros, enquanto convivem com o
vírus, sofrem de sintomas como perda de peso, febre e suores, infecções
freqüentes, manchas na pele e perda de memória.
Como se detecta o HIV através dos Testes de
HIV?
O teste
mais comum detecta a presença de anticorpos para o combate ao HIV. Os anticorpos só começam a ser produzidos
passado o período entre seis e 12 semanas a contar da infecção. Mesmo sem
combater o vírus com eficácia, os anticorpos são um indicador confiável da
presença do HIV. Logo que infectado, o portador pode transmitir o vírus a outras
pessoas, mesmo que sua presença só possa ser identificada semanas mais tarde.
A evolução da AIDS
Na
medida em que o sistema imunológico se enfraquece e perde a capacidade de
combater doenças, as infecções se tornam potencialmente fatais.
Os
portadores do HIV são mais suscetíveis a doenças como tuberculose, malária,
pneumonia e herpes. Quanto maior a redução das células CD4, maior também é a
vulnerabilidade do paciente.
Os
portadores do vírus também são mais vulneráveis a “infecções oportunistas”,
causadas por bactérias, fungos ou parasitas. Geralmente combatidos com sucesso
por organismos saudáveis, eles podem causar a morte de pessoas com sistemas
imunológicos debilitados.
Tratamento medicamentoso anti-HIV
Desde o surgimento da AIDS, o
constante desenvolvimento de novas drogas vem prolongando
significativamente a vida dos portadores do HIV ao dificultar a multiplicação
do vírus. Os medicamentos adiam o início da doença desacelerando o ritmo da
redução das células CD4. Mas, ainda assim, são incapazes de curar a AIDS.
Existem quatro principais tipos
de drogas, que atuam em diferentes fases do ciclo do HIV:
- Inibidores de entrada: esses medicamentos impedem o
vírus de se alojar nas células CD4 ao aderir a proteínas que ficam do lado de
fora do vírus. Até agora apenas uma droga da categoria, o Fuzeon, chegou ao
mercado.
- Inibidores Nucleosídeos da Transcriptase Reversa: impedem o vírus de fazer cópias
de seus próprios genes. Para isso, criam versões defeituosas dos nucleosídeos,
unidades básicas dos genes.
- Inibidores Não-Nucleosídios da Transcriptase
Reversa: também
afetam o processo de replicação do HIV, ao aderir à enzima que controla o
processo, conhecida como transcriptase reversa.
- Inibidores de Protease: essas drogas atingem outra
enzima envolvida no processo de multiplicação do vírus, a protease.
Os medicamentos anti-retrovirais
devem ser administrados de forma combinada. Geralmente pelo menos três drogas
de duas categorias diferentes são utilizadas simultaneamente.
À medida que o HIV sofre
mutações, algumas versões do vírus desenvolvem resistência a certos
medicamentos.
Efeitos colaterais comuns:
náusea, vômito, dor de cabeça, fatiga, manchas na pele, insônia, dormência em
torno da boca, dor de estômago.
Outros efeitos colaterais:
problemas no fígado, pâncreas e nervos, feridas na boca, inflamação, mudanças
no formato do corpo, anemia, dores musculares e fraqueza.
Tratamentos não medicamentoso: melhorando a qualidade de vida
dos portadores de HIV/AIDS
- Atividade física:
A prática regular de exercícios físicos é indicada
a todos as pessoas, principalmente aos soropositivos, por estimular o sistema
imunológico, aumentar a disposição, a autoestima, aliviar o estresse, melhorar
a depressão, entre outros benefícios para a saúde em geral. Para o
soropositivo, o exercício também é recomendado por prevenir e amenizar os
efeitos colaterais provocados pelos remédios, como a lipodistrofia (ocorre pela
má distribuição da gordura do corpo. Existe uma perda de gordura no rosto,
glúteos, pernas e braços e acúmulo no abdômen, costas, pescoço e mamas).
Os exercícios físicos podem ser aeróbicos (como
caminhada, bicicleta, dança, ginástica localizada, natação, hidroginástica)
e resistidos (musculação). Os aeróbicos melhoram a oxigenação do coração e
dos pulmões, diminuem o nível de colesterol e triglicérides, e ajudam a queimar
a gordura que se deposita na barriga. Os exercícios resistidos, como a
musculação, por exemplo, ajudam a manter a massa e a força muscular.
Antes de fazer qualquer exercício, o médico deve
ser consultado, pois o profissional de saúde vai avaliar a condição
clínica do paciente para liberar a prática. Após a aprovação médica, resta
escolher a atividade que mais agrade. Mas sempre se deve procurar um profissional
de Educação Física qualificado para atender esse público.
Uma alimentação saudável aumenta
a resistência à AIDS, fornecendo energia para as atividades diárias e, também,
vitaminas e minerais que o organismo precisa. Além de tornar a pessoa mais
disposta, uma alimentação equilibrada fortalece o sistema de defesa, ajuda no
controle das gorduras e açúcares do sangue, a absorção intestinal e melhora os
resultados do tratamento. A alimentação saudável é aquela que tem todos os
alimentos necessários, de forma variada e equilibrada.
- Relacionamento pessoal e social
Como qualquer outra pessoa, a
pessoa que vive com HIV/AIDS tem o direito de levar uma vida igual à de todo
mundo. Pode trabalhar normalmente, praticar esportes, ir a festas, frequentar
bares, shoppings, clubes e se relacionar com as pessoas, social e afetivamente.
Está comprovado que a continuidade da vida social e a adesão adequada ao
tratamento resultam na melhora da qualidade de vida e na resposta ao tratamento
com medicamentos antirretrovirais.
O preconceito e o estigma
associado à AIDS são dificuldades frequentemente encontradas pelos
soropositivos para conseguirem manter a vida normalmente. Deixar de ser amigo
de uma pessoa que vive com HIV/AIDS por medo de pegar a doença é bobagem. O HIV
não é transmitido pelo abraço ou até mesmo pelo beijo. O contágio se dá,
principalmente, por relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de
seringas e outros objetos cortantes e pela amamentação. Previna-se contra o HIV
e livre-se do preconceito.
- Sexualidade:
A vivência da sexualidade é um
aspecto essencial da vida do ser humano. E não é porque uma pessoa se descobriu
soropositiva que deve deixar sua sexualidade de lado. A diferença é que o sexo
deverá ser sempre com camisinha. Esse cuidado é para não transmitir o HIV,
vírus causador da AIDS, e para evitar uma nova infecção pelo vírus e por outras
doenças sexualmente transmissíveis.
- Saúde mental:
O impacto na saúde mental pode
acontecer desde o momento do diagnóstico positivo. O medo da morte, por
exemplo, pode levar à depressão e ao isolamento. Esses momentos merecem receber
atenção especial, pois afetam não só o emocional e psicológico do paciente como
também seu sistema imunológico. Distúrbios de comportamento, como depressão,
agitação, dependência e abuso de álcool, drogas e tabaco, entre outros, são
frequentes em soropositivos. Pode não parecer, mas o diagnóstico precoce é
fundamental para oferecer maior qualidade de vida, pois permite o
acompanhamento da doença antes de surgirem os sintomas.
A falta de concentração, atenção
e memória fraca, chamados distúrbios cognitivos, também podem estar associadas
ao HIV e têm evolução bem
variada. É importante estar sempre atento às mudanças do corpo e relatar aos
médicos caso alguns desses sintomas apareça. Essas questões psicológicas ou
psiquiátricas são normalmente tratadas pelas equipes multidisciplinares dos com profissionais de
saúde mental.
- Terapias complementares:
Além do tratamento existente com
os remédios antirretrovirais, exercícios físicos e alimentação equilibrada, há
algumas práticas que o soropositivo pode adotar que melhoram a saúde e a
autoestima. As chamadas terapias complementares estão disponíveis nas unidades
públicas de saúde de todo o país e devem ser indicadas por profissionais e avisadas
ao médico.
Apesar de fazerem bem à saúde,
não podem substituir os medicamentos, pois não combatem a AIDS. Essas terapias
são muito utilizadas para reduzir o estresse e os efeitos colaterais dos
coquetéis, melhorar o sistema imunológico, aliviar a dor e auxiliar no
tratamento de infecções oportunistas. As mais comuns são: acupuntura,
homeopatia, massagens (shiatsu e reflexologia), práticas físicas (yoga e Tai
Chi Chuan), além do consumo de algumas ervas medicinais.
Referências
Ministério da Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pagina/2010/44019
BBC Brasil. Biologia do HIV. Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/1357_biologia_aids/index.shtml
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