segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

HIV/AIDS



Introdução


O HIV (sigla em inglês que significa Vírus da Imunodeficiência Humana), é o vírus causador da AIDS (sigla em inglês que significa Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), doença fatal que atinge o sistema imunológico a ponto de tornar mortais as infecções que geralmente corriqueiras, como gripe, resfriado etc. Pelo menos 28 milhões de pessoas já morreram de AIDS no mundo todo.
Aproximadamente 30 anos depois da identificação do HIV, ainda não há vacina contra o vírus, nem cura para AIDS. Mas a expectativa de vida dos portadores de HIV cresceu significativamente graças à nova geração de medicamentos usados no combate à AIDS.

Informações sobre o HIV

O HIV atinge o sistema imunológico, normalmente responsável pela proteção do organismo contra infecções.
O vírus ataca um tipo de glóbulo branco ou leucócito (célula de defesa) chamado linfócito ou célula CD4. No processo, o HIV aloja seu genes no DNA da célula CD4 atingida e passa a utilizá-la para se multiplicar e, com isso, contaminar novas células.
Durante o processo, as células CD4 acabam morrendo por razões ainda não totalmente conhecidas. Com a redução do número desses glóbulos brancos, o organismo começa a perder a perder a capacidade de combater doenças até atingir o ponto crítico que caracteriza a AIDS.
O HIV faz parte dos retrovírus, que, embora mais simples que os vírus comuns, são mais difíceis de ser combatidos. Eles alojam seu DNA nas células atacadas de forma que novas células produzidas por elas passam a também portar o vírus.
Os retrovírus também reproduzem seus genes na célula-alvo com maior margem de erro. Isso, somado à alta taxa de reprodução do HIV, provoca muitas mutações no vírus causador da AIDS. E não só. O HIV é protegido por uma camada feita do mesmo material que algumas células humanas, o que dificulta sua identificação pelo sistema imunológico.
Vejam na ilustração como o HIV se reproduz:


1. Ataque: Proteínas do HIV se acoplam a receptores CD4 presentes em glóbulos brancos (células de defesa) do sangue.
2. Cópia dos genes: O HIV faz uma cópia de seu próprio material genético.
3. Replicação: O vírus aloja a cópia de seus genes no DNA da célula hospedeira. Quando essa célula começa a se reproduzir, partes do vírus também são reproduzidas.
4. Novo vírus: As partes do vírus se unem perto da parede celular, originando um novo vírus HIV. 

Formas de transmissão

O HIV está presente na sangue, fluidos sexuais e leite materno de pessoas infectadas. O vírus pode ser contraído:
- Por relações sexuais sem proteção com uma pessoa contaminada; 
- Pelo compartilhamento de agulhas e seringas com pessoas infectadas;
- Pela transfusão de sangue infectado;
- Pelo contato de fluidos contaminados com cortes ou feridas;
- Na gravidez, no parto ou por meio do aleitamento materno, quando a mãe é portadora do HIV.
O HIV também está presente na saliva das pessoas infectadas, mas não em quantidade suficiente para transmissão.
Uma vez que os fluidos infectados tenham secado, o risco de transmissão é praticamente zero.
Evitar relações sexuais com pessoas que estejam ou possam estar infectadas pelo vírus e utilizar preservativos de látex são as principais formas de prevenção da AIDS.
Os preservativos de látex são impermeáveis a partículas do tamanho do HIV. Se usada corretamente, a camisinha é altamente eficaz na redução do risco de contaminação. Entretanto, nenhum método é 100% seguro, com exceção da abstinência sexual.
O HIV não é transmitido por meio de:

- Tosse, espirros ou pelo ar.
- Beijos no rosto, nas mãos ou nos lábios;
- Copos e talheres compartilhados com pessoas infectadas;
- Abraçando ou tocando na pessoa infectada;
- Privadas;
- Picadas de insetos e outros animais;
- Piscinas;
- Alimentos preparados por um portador do vírus.

Estágios iniciais

Cerca de metade dos portadores do HIV sofre de sintomas parecidos com os de uma gripe entre duas e quatro semanas depois da contaminação. Entre eles, podem estar febre, fadiga, mancha nas peles, dor nas juntas, dor de cabeça e inchaço dos gânglios.
O gráfico a seguir mostra a trajetória típica da infecção causada pelo HIV. A contagem de CD4 equivale ao número dessas células por milímetro cúbico de sangue. À medida que o vírus progride, essa contagem se reduz e a vulnerabilidade do organismo aumenta.


Um sistema imunológico saudável tem de 600 a 1.200 células CD4 por milímetro cúbico de sangue. Considera-se que o paciente tem AIDS quando esse número se torna inferior a 200. A carga viral é o número de partículas do vírus por milímetro de sangue. Ela atinge seu auge no início da infecção, quando o vírus se replica rapidamente na corrente sanguínea.
Alguns portadores do HIV continuam saudáveis e sem sintomas do vírus por muitos anos e só depois desenvolvem a doença.
Outros, enquanto convivem com o vírus, sofrem de sintomas como perda de peso, febre e suores, infecções freqüentes, manchas na pele e perda de memória.

Como se detecta o HIV através dos Testes de HIV?

O teste mais comum detecta a presença de anticorpos para o combate ao HIV.  Os anticorpos só começam a ser produzidos passado o período entre seis e 12 semanas a contar da infecção. Mesmo sem combater o vírus com eficácia, os anticorpos são um indicador confiável da presença do HIV. Logo que infectado, o portador pode transmitir o vírus a outras pessoas, mesmo que sua presença só possa ser identificada semanas mais tarde.

A evolução da AIDS

Na medida em que o sistema imunológico se enfraquece e perde a capacidade de combater doenças, as infecções se tornam potencialmente fatais.
Os portadores do HIV são mais suscetíveis a doenças como tuberculose, malária, pneumonia e herpes. Quanto maior a redução das células CD4, maior também é a vulnerabilidade do paciente.
Os portadores do vírus também são mais vulneráveis a “infecções oportunistas”, causadas por bactérias, fungos ou parasitas. Geralmente combatidos com sucesso por organismos saudáveis, eles podem causar a morte de pessoas com sistemas imunológicos debilitados.

Tratamento medicamentoso anti-HIV
 
Desde o surgimento da AIDS, o constante desenvolvimento de novas drogas vem prolongando significativamente a vida dos portadores do HIV ao dificultar a multiplicação do vírus. Os medicamentos adiam o início da doença desacelerando o ritmo da redução das células CD4. Mas, ainda assim, são incapazes de curar a AIDS.
Existem quatro principais tipos de drogas, que atuam em diferentes fases do ciclo do HIV: 
- Inibidores de entrada: esses medicamentos impedem o vírus de se alojar nas células CD4 ao aderir a proteínas que ficam do lado de fora do vírus. Até agora apenas uma droga da categoria, o Fuzeon, chegou ao mercado.
- Inibidores Nucleosídeos da Transcriptase Reversa: impedem o vírus de fazer cópias de seus próprios genes. Para isso, criam versões defeituosas dos nucleosídeos, unidades básicas dos genes. 
- Inibidores Não-Nucleosídios da Transcriptase Reversa: também afetam o processo de replicação do HIV, ao aderir à enzima que controla o processo, conhecida como transcriptase reversa.
- Inibidores de Protease: essas drogas atingem outra enzima envolvida no processo de multiplicação do vírus, a protease.  
Os medicamentos anti-retrovirais devem ser administrados de forma combinada. Geralmente pelo menos três drogas de duas categorias diferentes são utilizadas simultaneamente.
À medida que o HIV sofre mutações, algumas versões do vírus desenvolvem resistência a certos medicamentos.
Efeitos colaterais comuns: náusea, vômito, dor de cabeça, fatiga, manchas na pele, insônia, dormência em torno da boca, dor de estômago.
Outros efeitos colaterais: problemas no fígado, pâncreas e nervos, feridas na boca, inflamação, mudanças no formato do corpo, anemia, dores musculares e fraqueza.

Tratamentos não medicamentoso: melhorando a qualidade de vida dos portadores de HIV/AIDS

- Atividade física:
A prática regular de exercícios físicos é indicada a todos as pessoas, principalmente aos soropositivos, por estimular o sistema imunológico, aumentar a disposição, a autoestima, aliviar o estresse, melhorar a depressão, entre outros benefícios para a saúde em geral. Para o soropositivo, o exercício também é recomendado por prevenir e amenizar os efeitos colaterais provocados pelos remédios, como a lipodistrofia (ocorre pela má distribuição da gordura do corpo. Existe uma perda de gordura no rosto, glúteos, pernas e braços e acúmulo no abdômen, costas, pescoço e mamas).
Os exercícios físicos podem ser aeróbicos (como caminhada, bicicleta, dança, ginástica localizada, natação, hidroginástica) e resistidos (musculação). Os aeróbicos melhoram a oxigenação do coração e dos pulmões, diminuem o nível de colesterol e triglicérides, e ajudam a queimar a gordura que se deposita na barriga. Os exercícios resistidos, como a musculação, por exemplo, ajudam a manter a massa e a força muscular.
Antes de fazer qualquer exercício, o médico deve ser consultado, pois o profissional de saúde vai avaliar a condição clínica do paciente para liberar a prática. Após a aprovação médica, resta escolher a atividade que mais agrade. Mas sempre se deve procurar um profissional de Educação Física qualificado para atender esse público.

- Alimentação:
Uma alimentação saudável aumenta a resistência à AIDS, fornecendo energia para as atividades diárias e, também, vitaminas e minerais que o organismo precisa. Além de tornar a pessoa mais disposta, uma alimentação equilibrada fortalece o sistema de defesa, ajuda no controle das gorduras e açúcares do sangue, a absorção intestinal e melhora os resultados do tratamento. A alimentação saudável é aquela que tem todos os alimentos necessários, de forma variada e equilibrada.
- Relacionamento pessoal e social
Como qualquer outra pessoa, a pessoa que vive com HIV/AIDS tem o direito de levar uma vida igual à de todo mundo. Pode trabalhar normalmente, praticar esportes, ir a festas, frequentar bares, shoppings, clubes e se relacionar com as pessoas, social e afetivamente. Está comprovado que a continuidade da vida social e a adesão adequada ao tratamento resultam na melhora da qualidade de vida e na resposta ao tratamento com medicamentos antirretrovirais.
O preconceito e o estigma associado à AIDS são dificuldades frequentemente encontradas pelos soropositivos para conseguirem manter a vida normalmente. Deixar de ser amigo de uma pessoa que vive com HIV/AIDS por medo de pegar a doença é bobagem. O HIV não é transmitido pelo abraço ou até mesmo pelo beijo. O contágio se dá, principalmente, por relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de seringas e outros objetos cortantes e pela amamentação. Previna-se contra o HIV e livre-se do preconceito.
- Sexualidade:
A vivência da sexualidade é um aspecto essencial da vida do ser humano. E não é porque uma pessoa se descobriu soropositiva que deve deixar sua sexualidade de lado. A diferença é que o sexo deverá ser sempre com camisinha. Esse cuidado é para não transmitir o HIV, vírus causador da AIDS, e para evitar uma nova infecção pelo vírus e por outras doenças sexualmente transmissíveis.
- Saúde mental:
O impacto na saúde mental pode acontecer desde o momento do diagnóstico positivo. O medo da morte, por exemplo, pode levar à depressão e ao isolamento. Esses momentos merecem receber atenção especial, pois afetam não só o emocional e psicológico do paciente como também seu sistema imunológico. Distúrbios de comportamento, como depressão, agitação, dependência e abuso de álcool, drogas e tabaco, entre outros, são frequentes em soropositivos. Pode não parecer, mas o diagnóstico precoce é fundamental para oferecer maior qualidade de vida, pois permite o acompanhamento da doença antes de surgirem os sintomas.
A falta de concentração, atenção e memória fraca, chamados distúrbios cognitivos, também podem estar associadas ao HIV e têm evolução bem variada. É importante estar sempre atento às mudanças do corpo e relatar aos médicos caso alguns desses sintomas apareça. Essas questões psicológicas ou psiquiátricas são normalmente tratadas pelas equipes multidisciplinares dos com profissionais de saúde mental.
- Terapias complementares:
Além do tratamento existente com os remédios antirretrovirais, exercícios físicos e alimentação equilibrada, há algumas práticas que o soropositivo pode adotar que melhoram a saúde e a autoestima. As chamadas terapias complementares estão disponíveis nas unidades públicas de saúde de todo o país e devem ser indicadas por profissionais e avisadas ao médico. 
Apesar de fazerem bem à saúde, não podem substituir os medicamentos, pois não combatem a AIDS. Essas terapias são muito utilizadas para reduzir o estresse e os efeitos colaterais dos coquetéis, melhorar o sistema imunológico, aliviar a dor e auxiliar no tratamento de infecções oportunistas. As mais comuns são: acupuntura, homeopatia, massagens (shiatsu e reflexologia), práticas físicas (yoga e Tai Chi Chuan), além do consumo de algumas ervas medicinais.

Referências
Ministério da Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pagina/2010/44019

Nenhum comentário:

Postar um comentário