O treinamento de força é considerado um
componente primordial dos programas de condicionamento físico que têm como
objetivo a melhora da aptidão física relacionada à saúde e ao desempenho
esportivo (Kraemer et al., 2002;
Kraemer; Ratamess, 2004). Os principais benefícios do treinamento de força
estão relacionados ao aumento da força e aumento/preservação da massa magra (Kraemer et al., 2002; Kraemer; Ratamess, 2004).
Esses benefícios têm impulsionado a popularidade deste método de treinamento e
o número de praticantes apresentou significativo crescimento nas últimas
décadas.
No entanto, os novos adeptos do
treinamento de força (iniciantes) frequentemente experimentam desconforto e dor
muscular após a prática. Esse fenômeno é conhecido como dor muscular de início
tardio (DMIT). A DMIT ocorre, frequentemente, em indivíduos iniciantes após
exercícios físicos que envolvem principalmente ações excêntricas (Cheung et al., 2003). Essa dor é caracterizada
como uma sensação de desconforto na musculatura esquelética após o exercício,
que atinge seu pico em entre 24 e 48h (Cheung et al., 2003; Jamurtas et
al., 2005).
A DMIT é um sintoma associado à micro
lesões do tecido conectivo que sensibilizam nociceptores (receptores de dor)
causadas pela tensão muscular gerada pelo treinamento de força (Proske e
Morgan, 2001). A ruptura da estrutura do sarcômero (unidade funcional contrátil
da fibra muscular) leva a um fluxo de proteínas e biomoléculas entre os
líquidos intracelular e extracelular, que leva a uma resposta inflamatória
(Stauber et al., 1990), ocasionando
assim a dor muscular, podendo perdurar por um ou dois dias. A DMIT é
influenciada através das variáveis agudas do treinamento de força, como a
intensidade e o volume, sobre a sua magnitude.
Além de praticantes de musculação,
atletas de provas de endurance (maratonistas e ciclistas de longas distâncias)
apontam altos níveis de DMIT (Tee et al.,
2007).
A recuperação da DMIT e o seu tempo ocorre
de pessoa, pois parece apresentar uma alta variabilidade interindividual
(Tegedee et al., 2003). Essa
variabilidade pode estar associada tanto a fatores genéticos quanto a ajustes
periféricos que podem modular a sensação da dor no sistema nervoso central em
diferentes níveis (Nicol et al.,
2003).
Sikorski et al. (2013) verificaram através de relatos de bodybuilders, que
alguns grupos musculares são mais propensos a DMIT do que outros. Dessa forma
também se desconsidera a utilização da percepção da DMIT para estimar o
intervalo de treino entre os grupos musculares.
Logo, a DMIT é algo normal em
praticantes de musculação e precisa de um tempo para que o grupo muscular com
dor possa se recuperar. E dica: não há necessidade alguma de ingerir medicamentos
anti-inflamatórios neste período de dor, pois como se pode ver é uma coisa
natural do organismo e o próprio tem mecanismos para se recuperar da dor, sendo
que os anti-inflamatórios também podem interferir nos resultados do treino e no
processo de adaptação.
Referências
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